sábado, 10 de março de 2012

A Revolta do JEGUE



O doutor, que um dia era apenas o filho de um agricultor;
Dia após dia, carregado por seu jegue, a escola freqüentou;
Anos após anos, se especializou, recebeu título de doutor;
Cresceu, enricou, o jegue ele o abandonou;
Para prefeito da cidade ele se candidatou e ganhou;
O jegue ele esqueceu, elegendo seu carrão, na cidade desfilou;

O jegue continuou pastando;
Pastando aqui, pastando ali, o jegue também enricou;
No seu lombo ninguém mais montou, nem mesmo o doutor;
No seu carrão ele também desfilou;
E agora se candidatou para prefeito querendo tomar o lugar do doutor;
O povo o aplaudiu e o jegue se irisou;

E agora doutor? O jegue é analfabeto;
Não tem estrutura política para defender o eleitor;
Mas o povo também é analfabeto, não tem estrutura para escolher seu represente;
Quem terá mais dinheiro? O jegue ou o doutor?
O povo se vende, o jegue sabe falar a língua do jegue;
Será o jegue? Será o doutor?

Na sociedade dos analfabetos, instrução é coisa de poucos;
Instrução não conta, fica coisa sem valor;
Como o dinheiro é coisa fútil, todo mundo pode ter;
E tudo sem instrução, é coisa fácil de comprar, coisa fácil de manipular;
E agora na chapa do doutor, consta o jegue opositor;
Para prefeito da cidade, o eleitorado escolhe entre o jegue e o doutor.

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