sábado, 10 de março de 2012

A Revolta do JEGUE



O doutor, que um dia era apenas o filho de um agricultor;
Dia após dia, carregado por seu jegue, a escola freqüentou;
Anos após anos, se especializou, recebeu título de doutor;
Cresceu, enricou, o jegue ele o abandonou;
Para prefeito da cidade ele se candidatou e ganhou;
O jegue ele esqueceu, elegendo seu carrão, na cidade desfilou;

O jegue continuou pastando;
Pastando aqui, pastando ali, o jegue também enricou;
No seu lombo ninguém mais montou, nem mesmo o doutor;
No seu carrão ele também desfilou;
E agora se candidatou para prefeito querendo tomar o lugar do doutor;
O povo o aplaudiu e o jegue se irisou;

E agora doutor? O jegue é analfabeto;
Não tem estrutura política para defender o eleitor;
Mas o povo também é analfabeto, não tem estrutura para escolher seu represente;
Quem terá mais dinheiro? O jegue ou o doutor?
O povo se vende, o jegue sabe falar a língua do jegue;
Será o jegue? Será o doutor?

Na sociedade dos analfabetos, instrução é coisa de poucos;
Instrução não conta, fica coisa sem valor;
Como o dinheiro é coisa fútil, todo mundo pode ter;
E tudo sem instrução, é coisa fácil de comprar, coisa fácil de manipular;
E agora na chapa do doutor, consta o jegue opositor;
Para prefeito da cidade, o eleitorado escolhe entre o jegue e o doutor.

Uma política as escuras!

A VEREADORA

Depois de muita frustração e muito descaso, como era da sua conveniência, a vereadora resolveu cumprir com a sua obrigação. Mas, mesmo assim, está levando vantagem, já que os outros, nem por conveniência, foram capazes de um único gesto que honrasse o poder que lhes foi dado. É bom lembrar, que quando um político é eleito com a maioria dos votos do eleitorado, ele passa a representar os interesses do todo social; e não de uma oposição ou de uma situação. Um prefeito não é prefeito de um grupo de situação, ele é o prefeito de toda cidade, representante dos deveres e direito de todos os cidadãos que abrange o município; aí acaba, morre oposição, ele é o prefeito de toda situação. O político bom (que no caso não existe; mas se existisse) seria aquele que como representante do povo, lutasse pelos bens e interesses da maioria, ou seja, trabalhasse com propostas que beneficiasse a sociedade, os indivíduos que formam essa sociedade como um todo. Quando eu sou pequeno, penso pequeno; Eu penso só em mim mesmo. Esqueço que aquele sujeito que eu deixo de pensar, que eu deixo a margem da sociedade, que eu me beneficinho da sua ignorância, que eu nego a oportunidade, é o mesmo que está se drogando na esquina, que está assaltando no sinal, que está matando nas ruas, mas eu esqueço que também posso ser a próxima vítima que ele espera na esquina, que ele espera no sinal...